quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Opostos que se atraem

Se pudermos tomar o PIG - Partido da Imprensa Golpista, como algo real (e está cada vez mais difícil não vê-lo dessa forma), é possível considerarmos que há uma tríade responsável pela maior fatia de influência e poder, uma espécie de três cavaleiros do apocalipse: a Globo, a Veja/Editora Abril e a Folha de São Paulo.

Na semana passada, o Ali Kamel (1) lançou um livro, mais precisamente um dicionário, completamente baseado nas declarações e discursos públicos do Lula. O funcionário da Globo se junta então aos colunistas da revista Veja Diogo Mainardi (2) e Reinaldo Azevedo (3), que também se dedicaram a publicar obras inspiradas no presidente ou no próprio petismo em si.

Todas as obras tiveram uma repercussão mútua nos jornais e revistas das empresas em questão, cada uma recebendo seus artigos e resenhas elogiosas. Dentre a tríade, portanto, falta apenas a FSP, na pessoa do seu diretor Otávio Frias Filho (4), lançar a sua obra baseada nos esquerdistas malvados.

Aí me vem a constatação: é lucrativo fazer oposição na imprensa!

Lula e oposição clicados por um papparazzo no dia dos namorados


A mídia insiste em bater diuturnamente em um governo que, mesmo muito longe de uma revolução ou até do que um homem como Lula poderia promover, avançou. Cerca de 35 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza em menos de oito anos. Não é tudo, mas é algo. Vociferam e criam crises semanais a partir do mais puro NADA. A última foi a estúpida pendenga Lina X Dilma, que naquele falou-não falou/estava-não estava pareciam duas estudantes do primário. Só faltou uma chamar a outra de "boba e feia".

Porém, ao mesmo tempo os pupilos da instabilidade aproveitam para navegar na onda da popularidade e do carisma inéditos de um Luis Inácio. Tenho a impressão de que a tríade agradece todos os dias por ter um operário nordestino, barbudo, língua-presa e com um dedo a menos sentado na cadeira da presidência. Quando ele sair vai faltar assunto, e motivação. E se em 2010 entrar alguém da turma? Onde vão buscar inspiração? É uma coisa meio freudiana, meio Tom & Jerry.

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(1) Diretor de jornalismo da TV Globo. Manda os subordinados aliviarem as notícias boas da economia. É também homônimo de um ator de filmes de ação. Aqueles filmes de ação...
(2) Colunista da Veja. Acredita ser o herdeiro intelectual de Paulo Francis, mas na verdade é pau-mandado de Daniel Dantas.
(3) Colunista da Veja. Possui um blog lido pelo George W. Bush e pelos filhos da UDN. Usa um chapéu-panamá do nível Hebe de cafonice.
(4) Diretor de redação da Folha de São Paulo, o jornal da epidemia de febre amarela e da ficha policial da Dilma, ambas tão verdadeiras quanto uma nota de três reais. Afirmou que a ditadura brasileira foi branda, e inventou um neologismo, o verbete ditabranda.

PS: Não pretendo fazer jabá dessa galera, por isso não há títulos ou capas.
S.

Nem eles aguentam a enrolação

De certa forma faz sentido.

Um conselho de ÉTICA no Senado é tão imaginável quanto um IGLU no Recife.
S.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pânico dos incautos, lucro dos urubus

Meses atrás eu disse que o alarmismo em torno da gripe suína - que não é exatamente uma doença de pobre - era injustificado. Além de criminosamente irresponsável.

Mas sempre há algo mais. Nesse caso, uma suspeita enorme de que tomam a saúde de todo o planeta como um cassino particular. E o principal nome dessa mutreta é Donald Rumsfeld, o ex-secretário de guerras, quer dizer, de defesa do êua. Aparentemente o indivíduo acha que as centenas de milhares de civis mortos no Iraque foram pouca coisa.

E por quê o Rumsfeld?

O Tamiflu, medicamento utilizado para o tratamento de várias gripes, foi patenteado pela empresa Gilead Sciences. Quem era membro da diretoria desde os anos 60 e foi empossado como presidente da companhia em 1997? Ele mesmo. O Donald, que em vez de pato está mais pra urubu.

Abaixo, o documentário argentino "Operação Pandemia", visto por mais de 500 mil pessoas, e que explica claramente o que está por trás do pânico da mídia. Lembremos dessas informações toda vez em que um apresentador de telejornal fizer aquela cara meio assustada, meio ameaçadora, ao afirmar que o número de vítimas da nova gripe subiu...

Perguntar não ofende (mas já ofendendo): quanto da grana da Gilead esse pessoal da imprensa leva?

Ainda estou esperando eles anunciarem a morte de cada vítima da malária, e reportagens diárias cobrando o saneamento básico nas cidades do país.



Para quem não consegue ver pelo YouTube: tem um link aqui. Demorou bem mais pra carregar. Ou é coisa do próprio site, ou foi uma operação caramujo da minha internet mesmo.
S.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Em casa de enforcado...

Rá! Sensacional a pendenga entre a Globo e a Record. Sensacional porque uma tem razão quando esculhamba a outra, e a outra tem razão quando esculhamba a uma.

É verdade que a Record é parte de um império pseudo-religioso, comandado por pilantras autodenominados "bispos" (e põe aspas nisso), que se aproveitam da ingenuidade, do desespero e da ignorância de milhões de pessoas pelo mundo. Muitas tiram do próprio pão de casa a contribuição em nome da fé. Se esses """""""bispos""""""" não tiverem um lugar já garantido no fogo satânico, eu não saberia apontar o que faltaria para tal destino. Serem senadores, talvez.

É verdade que a Globo, no período de sua fundação, se utilizou de uma contribuição ilegal do grupo norte-americano Time-Life. Auxílio que rende até hoje, se considerarmos a distância de estrutura técnica que há entre a emissora carioca e as demais. O Roberto Marinho chegou a queimar documentos que comprovariam a fraude. Sem contar o apego à ditadura, o escândalo Proconsult, a edição do debate entre Collor e Lula, o filho do FHC com uma jornalista, e o eterno oficialismo - conhecido popularmente como babação-de-ovo - de qualquer governo vigente. Uns mais, outros menos, mas a aproximação sempre se fez presente. Uns dos presidentes mais próximos, por exemplo, foi o Sarney.

A questão é que essas coisas só vêm à tona em situações-limite, como é o caso das mais recentes acusações do Ministério Público de São Paulo contra o Edir Macedo. Há quanto tempo todos nós, que estamos de fora, sabemos dessas maracutaias? Ou as mansões do coronel da Universal são obras de um milagre? E a censura seletiva da Globo, que só publica os podres que lhe são convenientes, uma consequência do rabo-preso com alguns grupos políticos? O documentário mais clássico sobre os bastidores da Rede Globo, o "Muito Além do Cidadão Kane" é de 1993. Ou seja, há pelo menos 16 anos existe um grandiosa peça jornalística quicando na entrada da área e nenhum grande veículo de comunicação chutou. Já os donos da emissora, tão democratas quanto a China, decidiram censurar o vídeo, o que em tempos de internet não quer dizer muita coisa.

A Record até tem uma origem mais digna. Mas a atual mistura entre radicalismo religioso e comunicação é perigosa. A verdade é que as duas empresas são mais semelhantes do que percebemos através de uma vista rápida. A Record não teve pudores em copiar a programação globífera quase inteiramente. Só avançou um pouco na área jornalística, um pouco mais simpática ao equilíbrio e ao pluralismo de opiniões. No resto, o fedor é o mesmo.

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Vídeos: O ataque. E o contra-ataque.
Livro: A História Secreta da Rede Globo, de Daniel Herz.
S.

sábado, 8 de agosto de 2009

O esperneio dos parlapatões

"Já há algum tempo, o Senado não encontra meios de um funcionamento regular. Está parecendo a Bolívia."
Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)

Prestemos bastante atenção às palavras do signore Gilmar Mendes. Não porque elas são racionais, mas porque elas expõem a essência de boa parte dos indivíduos que estão no topo das instituições do país.

Atualmente Gilmar preside um dos três pilares constitucionais do Brasil, o Poder Judiciário. É o chefe da mais alta instância da Justiça, o STF. É o quinto na linha sucessória do país. Não é exatamente um cara na multidão. O que o leva a desrespeitar uma nação vizinha, soberana e que tem um líder eleito democraticamente? Em que espécie de trono sagrado o doutor Gilmar se vê?

A comparação entre o Senado brasileiro e a Bolívia é uma ofensa - para a Bolívia, que fique bem claro. É típica de alguém completamente desconectado da realidade política da América do Sul. O Senado se transformou em um palco de atividades que concorre com os humoristas, os mágicos e os presidiários. As sucessivas crises no Parlamento são a face de um tipo de política que vai perdendo espaço, a política de balcão, da farinha pouca, meu pirão primeiro. A política da Democracia Sem Povo. Muito dessas instabilidades vem do desespero dos coronéis que sentem o chão ruir. Uma espécie de birra de criança, quando sente que vai perder o doce com o qual se lambuza.

O capo Gilmar é um fotograma desse filme decrépito, corroído, e que está em vias de derrocada. Não por vontade de um messias, mas por uma consequência natural do amadurecimento da democracia brasileira, ainda jovem, e que aos poucos vai expulsando da vida pública aqueles que preferem cheiro de cavalo ao de gente.

O homem público (mas de articulações privadas) Gilmar Mendes poderia ter relacionado o Senado ao município de DIAMANTINO, que sofre com o mesmo coronelismo, truculência e mediocridade que grassam no Congresso - salvo as honrosas exceções de sempre. A comparação faria muito mais sentido.

E o Joaquim sabe disso.
S.