quinta-feira, 28 de julho de 2011

O extremismo não tem rosto

O terrorista cristão fundamentalista que matou dezenas de pessoas e explodiu uma bomba na capital da Noruega não é louco. Apresenta sinais de um psicopata, mas não de um louco. Os advogados de defesa dele sabem disso, todos nós sabemos disso. O ato cometido por ele, em sã consciência, sinaliza a ascensão de um sentimento fascista que ronda o mundo inteiro. Xenofobia, conservadorismo político, higienização étnica. Sobrou até para a miscigenação brasileira, vista por ele como uma espécie de bastardização.

Alguns veículos da imprensa, brasileiros incluídos, sofreram para disfarçar o mal-estar. Muitos já estavam terminando de escrever a palavra "muçulmano" em suas matérias, quando descobriu-se que o terrorista é branco, de olhos e cabelos claros, cristão, politicamente de direita e entusiasta da cultura ocidental. Ou seja, possui as características nas quais somos ensinados a confiar. Os cínicos não estavam preparados para esse tipo de demonstração de intolerância de alguém com tal identidade. Não era uma batalha entre os bons (ocidentais civilizados) e os maus (barbudos sujos de turbante)?

Esse é o ponto que precisa de atenção. O fundamentalismo em si é horrendo, ponto. Venha ele do Afeganistão ou da Noruega. E todos eles coincidem em um aspecto: o religioso. Toda ação terrorista o utiliza como uma maneira de justificar os atos vis perpetrados pela cegueira de uma fé radical. Todo terrorista acredita que faz algo em nome de um bem maior, de uma divindade infalível, e que um paraíso o espera, ainda que dezenas, centenas de pessoas percam a vida. Essa linha de raciocínio esconde, além de preconceito, uma moral torta e doentia.

Não que eu esteja sugerindo que algo dessa natureza vá ocorrer pelas terras brasileiras, mas é importante ficar atento ao fenônemo. Lembro de ter tocado levemente no assunto do extremismo religioso ainda no calor das eleições presidenciais do ano passado. O fato de acreditar em divindades (ou de não ter crença alguma) é um assunto de foro íntimo, e não faz sentido utilizá-lo como uma maneira de legitimar a violência - física/psicológica - contra grupos e pessoas que tenham uma diferente visão de mundo. Seguir essa trilha demonstra, além de ignorância, uma possível psicopatia.
S.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Gente

gentequefalaalto
gentequefalabesteira
gentequeouvemúsicaaltanocelular
genteirritante
gente
emexcesso
S.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Cartola fétida


“(...) Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou. (...) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”

(Ricardo Teixeira, o czar do futebol brasileiro, em entrevista à Piauí)
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Então... dá pra confiar num telejornal (e em uma empresa dita jornalística) que tem como sócio alguém que dá uma declaração dessa? Com qual credibilidade a empresa pretende anunciar as notícias do dia? Com qual autoridade se cobra a ética alheia? O cartola da CBF é o símbolo maior da impunidade que reina entre os poderosos. Ele zomba dos torcedores, dos telespectadores, da população em geral, e nem se preocupa em ao menos parecer decente.

Boa-noite, William. Boa-noite, Fátima.
S.

domingo, 17 de julho de 2011

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Obliquidade


Aí a revista que canaliza as maiores queixas conservadoras sobre o peso do Estado, sobre o aparelhamento dos órgãos públicos, e sobre o excesso de concursos resolve levar às bancas uma matéria de capa com os segredos dos campeões dos mesmos concursos que são alvo de críticas.

Aí eu fico sem saber se é incoerência, cara de pau, ou as duas coisas ao mesmo tempo.
S.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Alma do negócio


O texto acima inicia matéria sobre a morte do empresário Luiz Roberto Silveira Pinto, fundador-presidente de uma empresa de seguros de saúde -- com cerca de 300 mil apólices para ser um pouco mais específico. A matéria descreve o cenário difícil (ou o que pode ser entendido como difícil para uma empresa com 300 mil contratos) que tomou conta dos negócios do empresário nos últimos anos. Um outro trecho assinala que:


Ainda que uma tarefa árdua, separemos em nossa cabeça esse belo fruto do capitalismo doentio da nossa era, conhecido como Plano de Saúde, da situação particular do Seu Pinto, quer dizer, do Luiz Roberto - um ser humano, apesar de tudo.

Linhas depois, alcançamos o fim da matéria, e com mais alguns cliques, estacionamos no boxe de comentários, o parquinho mais divertido do mundo virtual. Eis que damos com os olhos em valiosos exemplares da sensibilidade humana:


Esse deve ser o tal profissional exemplar e atento às oportunidades de que os especialistas do RH falam tanto.

Como diria o poeta: besta é o sapo. (link: Brasil 247)
S.