sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Os aumentos cínicos

Essa questão das passagens de ônibus é um caso bem sério, e mais complexo do que esses aumentos anuais. A indústria das empresas de ônibus é um buraco enlameado, que ninguém enfrenta da maneira adequada. Os protestos dos movimentos sociais, que são legítimos e necessários, acabam sendo insuficientes. Enquanto isso, uma meia dúzia de pessoas - que não utiliza o transporte público - fica repetindo ano após ano, a ladainha do prejuízo. Se a coisa é tão ruim como pintam, porquê não deixam o negócio? A realidade é que tem muito peixe grande nessa história (políticos inclusive), os veículos continuarão precários, e quem os utiliza não tem força política para cobrar uma mudança mais radical. Eu queria tratar desse assunto de uma maneira mais densa, mas como desculpa, deixo um trecho de um ótimo texto do colega Robson Fernando, do blog Consciência Efervescente. (S.)


Os cínicos do aumento
por Robson Fernando

A "cúpula do mal" de empresários de ônibus utilizou uma estratégia de enorme esperteza para aplicar esse aumento: a manipulação psicológica.

Primeiro, anunciaram a intenção de promover um aumento cavalar, aqueles 30%. Despertaram uma comoção generalizada, a indignação -- a velha indignação vazia da população, que no final termina na resignação e no conformismo -- e então, na reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano, desceram para cerca de 6%.

O governo saiu como "herói" e a população foi psicologicamente domada. Afinal, 6% é muito menos mal do que 30%! Parece um percentual "justo".

Texto completo aqui.
S.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

E a imprensona se lembra da África

Observei durante a eleição e agora, na posse. Foi preciso que um negro descendente de queniano se elegesse presidente dos Estados Unidos. É a velha mente colonizada. A síndrome de vira-latas. De repente, jornalistas do mundo inteiro se dirigindo ao continente africano, para entrevistar os familiares do popstar Obama, presidente nas horas vagas. Pena que fica somente nesse jornalismo de entretenimento, nesse showrnalismo, como diria o José Arbex. E quando a poeira baixar, o velho continente será devolvido à sua dolorosa e silenciosa penúria, para voltar a ser notícia em um próximo grande acontecimento, ou (esperemos que não) em uma tragédia, como as guerras civis em Ruanda e no próprio Quênia. Não é chatice. É só observar a quantidade de notícias relacionadas à África que chegam até nós.
S.

Operação-Serra e a demissão de Nassif

Para que o blog também não fique de molho, indicarei alguns textos. O primeiro é um artigo do Altamiro Borges, sobre a demissão do Luis Nassif da TV Cultura, ligada ao governo de São Paulo. É importante lembrar que o Nassif é um dos jornalistas mais independentes do país. Um dos pontos do artigo menciona os gastos inadequados da Sabesp, empresa paulista da qual falei uns posts abaixo. O episódio nos dá uma noção de como na política nada é por acaso. (S.)


Operação-Serra e a demissão de Nassif
por Altamiro Borges, no Vermelho

É bom ficar esperto. Está em curso uma ardilosa orquestração na mídia de blindagem do tucano José Serra, governador de São Paulo e candidato do bloco neoliberal-conservador à sucessão do presidente Lula em 2010. A mais nova vítima da "operação-Serra" é o jornalista Luis Nassif, que teve seu contrato de trabalho suspenso na semana passada pela TV Cultura, emissora controlada pelo governo de São Paulo. Numa entrevista exclusiva à jornalista Priscila Lobregatte, do Portal Vermelho, Nassif não vacilou em fazer o alerta: "2010 já começou, este é o ponto".

O abrupto rompimento do seu contrato não teve qualquer explicação. E nem podia. Afinal, por suas posições críticas e independentes, ele é um dos mais respeitados colunistas da mídia, já tendo recebido vários prêmios. No último prêmio Comunique-se, ele foi um dos três jornalistas da TV Cultura indicados para a categoria televisão. O motivo, então, não foi profissional. Nassif insinua que sua demissão se deve à proximidade da sucessão presidencial. "A maluquice das eleições de 2006 voltou antecipadamente", afirma, referindo-se à brutal manipulação no pleito passado.

Texto completo aqui.
S.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Status: Esfolado

Nada como um teatral tombo de bicicleta pra tornar o dia-a-dia mais complicado. Como exemplo, esse pequeno texto digitado com uma mão só. :)
S.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Aspas

“Poucas coisas são mais perigosas do que impérios que perseguem seus próprios interesses na crença de que estão fazendo um favor à humanidade.”
(Eric Hobsbawn)
S.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Shministim

Volto a tocar na crise no Oriente Médio, que não é dos assuntos mais leves, confesso. Mas nem sempre o mais agradável é o mais correto a se fazer. E depois, se eu não repercutisse o assunto abaixo, eu estaria incorrendo no erro grave que eu observo com frequência na imprensa: a omissão.

A população de Israel apoia integralmente a ação do governo, certo? Errado. Pelo menos 55% dos israelenses são completamente contra a ofensiva do país contra a Faixa de Gaza. E à medida que os israelenses também vão recolhendo seus corpos, é bem possível que essa porcentagem aumente.

Porém, esse post é sobre uma outra notícia. Há, em Israel, adolescentes PRESOS por se recusarem a se alistar nas Forças Armadas do país. Eles são conhecidos como Shministim, ou seja, "jovens objetores de consciência". Essa atitude do governo israelense parece coisa de ditadura, certo? Parece coisa de país atrasado, certo? Um episódio que a mídia adoraria denunciar, com toda a tradicional esquerdofobia (nem sei se o termo existe). Imaginem isso em um país como a Venezuela. Ou a Bolívia. Seria um escarcéu. Berros. Editoriais coléricos. Até a Fátima Bernardes ia fazer cara de furiosa. Mas não há referência, em lugar algum. A não ser na Internet, onde encontrei essa notícia. E a razão disso, é clara como a água. Israel é um aliado incondicional dos Estados Unidos. A razão, como eu disse, é clara. Mas não é sensata.

Até quando a imprensa grande vai continuar com esse comportamento covarde, para não dizer desumano? A cada dia mais pessoas têm acesso à rede mundial de computadores. Por quanto tempo os interesses financeiros vão prevalecer sobre a verdade factual? Será que mídia tradicional está disposta a desempenhar o papel de idiota da História? E olha que eu não faço uma reivindicação radical. Apenas cobro o meu (nosso) direito fundamental de ser informado com equilíbrio e respeito.

Deixo o tocante vídeo com alguns desses jovens, e o texto do Fazendo Media, que foi onde li o artigo.


S.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Sabesp? Eu não sabia

Assisti (mais de uma vez) à propaganda da Sabesp, empresa de saneamento do estado de São Paulo. Eu recebia água de São Paulo e não sabia. Aparentemente, o pessoal do Acre também não sabia. Pois é. O Acre não só existe, como recebe água do governo paulista. Qual o sentido de uma propaganda dessa instituição ser veiculada nacionalmente? O Serra começa a fazer campanha para presidente, em rede nacional, com o dinheiro do governo de São Paulo, e ninguém da imprensa vê?? Onde estão os atentos (e cínicos) críticos da gastança??? Ou a crítica só vale quando se investe no social? É provável ainda que a gente tenha a satisfação de conhecer outras siglas do governo paulista, já que o eterno candidato a presidente dobrou o orçamento destinado à publicidade. A blindagem do careca na mídia me surpreende cada vez mais. Como diz o Mino, é coisa de famiglia.

Mais informações sobre o gasto inadequado aqui.

PS: Se o Serra pode botar água na torneira dos acreanos, eu posso criar um trocadalho infame para o título da postagem.
S.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Sangue na terra santa

Eu sou um desses seres estranhos que se interessam bastante por política, e que sabe da importância dela para nossas vidas. Os magnatas da comunicação também sabem disso. Não é à toa que nos jornais impressos o caderno de política é o primeiro. De vez em sempre eu me pergunto o porquê da maioria dos brasileiros desprezarem a política. Logo os brasileiros, fãs de novelas, com suas histórias excêntricas e personagens cômicos, ou seja, bem parecido com a política.

Porém, em alguns momentos a política dá razões para ser considerada desprezível. É preciso ser muito filho-da-puta para acreditar que possa ser eficaz uma política que resulte nisso:


Eu não acredito que um governo que em nome de disputas políticas mate crianças possa ser considerado digno de diálogo. Digo mais: eu não acredito que ele possa ser considerado digno. Como admitir que a morte não-acidental de uma criança justifique uma posição política? Ou alguém acha que o lançamento de misséis e seus efeitos sobre uma região já devastada como a Palestina seja um acidente?

A minha impressão é que há gente muito poderosa dos dois lados que está lucrando com essa carnificina que dura décadas. A quem interessa o clima de eterno terrorismo que as duas partes respiram? Precisamos lembrar que há gente vendendo armas, cooptando militantes, negociando bens. Negociando vidas humanas. Em casos como esse é preciso manter a serenidade, sem cair na tentação de demonizar um lado. Mas, ao mesmo tempo, é natural que a gente desenvolva uma simpatia pela parte mais fraca. Israel, além do apoio norte-americano, possui equipamentos bélicos de ponta, incluindo bombas nucleares (fornecidas pelo governo dos EUA). A Palestina, por sua vez, conta mais com a ira da sua população frente a Israel do que com potencial militar. Ademais, os palestinos têm o mesmo direito que têm os israelenses de possuírem a sua nação.

Volto ao sofrimento dos civis inocentes. As manchetes dos principais noticiários, em nome de uma propalada (e inatingível) isenção evitam nos dizer o óbvio. O que está havendo é um verdadeiro MASSACRE. Isso deveria ser dito com todas as letras. Contudo, não se lê e não se ouve tal afirmação em lugar algum da nossa mídia grande. Parece que é pedir demais a pessoas tão bovinamente afinadas com a ideologia da Casa Branca.

A História às vezes demontra ter um senso de humor cruel. Como é que os judeus, depois de todas as perseguições sofridas ao longo dos séculos, resolvem sufocar e perseguir os palestinos da forma como estão fazendo? Eles, de todos os povos do planeta, deveriam ser os mais sensíveis a esse tipo de violência. É ainda mais triste observar que essa degradação humana toma corpo no solo de uma terra chamada santa. Tanto credo e tanto sangue.

Fica aqui meu total desprezo à esse tipo de política e meu apoio à causa palestina.

Ilustração: Latuff

Mais fotos do massacre em Gaza aqui:

Mais textos:

Que jeito de começar o ano.
S.

Feliz ressaca velha

Cara amassada, cabelo em pé, vontade de escutar músicas que eu não ouvia há tempos e uma teimosa indiferença para com o chuveiro.

A "festinha das sobras" no dia 1º foi mais animada do que a do dia 31.
S.