quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Momento jabá

Falando em filmes, vídeos e assemelhados, faço uso desse espaço pra realizar um nobre jabá. Afinal, se o diretor de jornalismo da Globo pode fazer propaganda do livro dele em uma novela (transmitida através de uma concessão pública), eu também posso publicar um anúncio nesse particularíssimo espaço.

Nos próximos dias 1, 2 e 3 de dezembro acontecerá o décimo Festival de Vídeo de Recife, no Teatro do Parque, e a Asterisco finalmente conseguiu adentrar a mostra. Não, com um, mas com dois vídeos. Na segunda (dia 1º) será exibido o premiado documentário "Até Onde A Vista Alcança", de Felipe Peres Calheiros, em sua última exibição na cidade. Por sua vez, na terça-feira (dia 2), o vídeo de ficção "22", dirigido por mim, terá sua estréia em Recife, e com som aperfeiçoado (né, Travassos?). Portanto, fica o convite para quem quiser assistir não só a esses, mas a diversos curtas pernambucanos, o que é bastante atraente, porque ver somente Rio, São Paulo e Nova York na tela às vezes cansa. Mas se for pra votar no júri popular lembrem desses dois. (Jabá sem uma forçada de barra não é jabá.)

Até Onde A Vista Alcança

22

- Maratona de curtas-metragens no Teatro do Parque começa segunda

S.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Brasil, um filme de ação

O delegado que está cuidando do inquérito da operação que prendeu o Daniel Dantas afirmou que o banqueiro-bandido distribuiu cerca de 18 milhões de reais em propinas para políticos, juízes e JORNALISTAS. Ou seja, enquanto os corrompidos não forem descobertos, toda notícia que sair na imprensa sobre o caso estará sob suspeita. Uma suspeita de dezoito milhonetas. De certa forma, essa suspeita não é nenhuma novidade, se levarmos em conta algumas matérias que só faltam pedir a prisão do delegado. Mas ela agora tem um valor. Esse é ou não é um país emocionante?
S.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O falso alerta amarelo

Há um processo correndo contra algumas empresas de comunicação, como a Globo e a Folha de São Paulo, acusadas de provocar pânico desnecessário na população, devido a uma "epidemia" de febre amarela que nunca existiu. Duas pessoas que não precisavam tomar a vacina morreram. Suspeita-se que o mesmo aconteceu a outras duas vítimas. Esse triste caso é só um exemplo do poder e da irresponsabilidade da imprensa no Brasil.

EPIDEMIA MIDIÁTICA DE FEBRE AMARELA MATOU DOIS E FEZ VACINAÇÃO SALTAR DE 5 PARA 20 MILHÕES DE DOSES

Por Conceição Lemes, especial para o VIOMUNDO

Fim de dezembro de 2007. A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) registrou o primeiro caso suspeito de febre amarela silvestre do verão 2007/2008. Rapidamente, a mídia, por iniciativa própria, decretou a volta da febre amarela. Por má-fé, irresponsabilidade e incompetência, confundiu a forma urbana – a última epidemia aconteceu no Acre em 1942 -- com a silvestre -- que não voltou porque nunca foi embora; nem irá, a menos que exterminem todos os macacos, os seres silvestres e as florestas no Brasil. Chegou ao cúmulo de misturar casos suspeitos com o número de mortes.

De nada adiantou o ministro José Gomes Temporão, em pronunciamento em cadeia nacional, garantir que: 1) não havia epidemia de febre amarela; 2) só deveriam se vacinar as pessoas que moram em áreas de risco para a febre amarela silvestre ou iriam viajar para essas áreas. Torcendo contra o governo federal, a mídia ignorou olímpica e sistematicamente vários alertas do Ministério da Saúde. Gerou, assim, a sua própria “epidemia”, provocando desinformação, pânico, filas, vacinações desnecessárias, erradas, entre outros “efeitos colaterais”.

O auge da irresponsabilidade foi conclamar a população a se vacinar em massa. Levou milhões de brasileiros a se imunizar sem necessidade e correr o risco de ter efeitos colaterais da vacina contra a febre amarela, feita com vírus atenuado da doença. Como quase todo medicamento, esse imunobiológico pode ter efeitos colaterais, alguns graves; em raros casos, óbitos.

[Texto completo aqui.]

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ocupar as redes de rádio e tevê

Por Marcelo Salles, no Fazendo Media

Revejo "Jango", brilhante documentário de Sílvio Tendler, que terminou agora há pouco na TV Brasil. Deveria ter sido exibido mais cedo, em horário nobre, tamanha a sua importância.

O filme mostra os atores envolvidos no golpe de Estado cometido contra o povo brasileiro em 1964. No ato lembrei do título do livro de René Dreifuss: “1964: a conquista do Estado”. O termo escolhido pelo escritor não poderia ser mais preciso. Tanto em sua obra quanto na de Tendler fica evidente que não houve apenas um golpe estanque no Brasil; ele não surgiu da noite para o dia. O movimento foi preparado durante anos e contou com apoio do governo dos EUA, de corporações privadas e de veículos de comunicação de massa.

No documentário há um depoimento muito importante de um militar, que chama a atenção para a “provocação” que representou o comício de 13 de março, na Central do Brasil. Ele fala que o povo trazia cartazes subversivos. Aí lembrei de toda a preparação psicológica, de todos os cursos financiados pelos EUA para os militares brasileiros de que fala Dreifuss. IPES e IBAD à frente. Ao longo de anos associaram comunismo à barbárie e à desordem, até chegar ao golpe. Depois dele, a tropa de choque foi retirada da linha de frente (Carlos Lacerda e Magalhães Pinto, cassados) e os homens de confiança assumiram a liderança. Brizola diz em seu depoimento que este foi o golpe dentro do golpe. Castelo Branco assume e imediatamente revoga a lei de remessa de lucros e garante a manutenção dos latifúndios improdutivos.

O que vemos hoje? Em meio à tal crise, que as corporações de mídia já não mais explicam por que, como e onde, o Banco Central divulga que montadoras de automóveis enviaram nada menos que US$ 4,8 bilhões às matrizes no exterior. Somando os outros setores da economia, a sangria alcança absurdos US$ 20,143 bilhões/ano. O Globo deu matéria sem nenhum destaque na página 22 da edição do último dia 6, cuja capa lambia as botas do novo comandante pró-forma do imperialismo.

Eis aí a natureza do golpe de 1964 e da ditadura que seqüestrou, torturou e matou milhares de brasileiros. Seu maior objetivo é garantir que o país mais rico da América Latina seja mantido sob a dominação imperialista. Nenhum governo sério do mundo permite que sejam enviados para o exterior tantos recursos produzidos com o suor do seu povo. Existem leis que obrigam que esse dinheiro seja reinvestido no país, isso sem falar na tributação às grandes empresas, que deveria ser maior. Não dá pra aceitar calado o envio de tantos bilhões pra fora enquanto existe gente passando fome aqui dentro. Isso sim é uma ditadura, devo dizer àqueles que se prendem aos paradigmas da mídia grande.

Apesar da flagrante pilhagem, não se vê resistência. Nem quanto às indecentes remessas de lucro, nem contra a entrega do nosso petróleo, nem contra a ausência de uma auditoria na dívida pública, nem contra a absurda concentração fundiária, nem contra a falta de regulamentação do artigo 153 da Constituição, que determina a cobrança de impostos sobre grandes fortunas, nem contra o salário mínimo de R$ 415,00 e, pior, nem contra o oligopólio dos meios de comunicação social.

Pior porque é este oligopólio o maior responsável pela manutenção desse estado de coisas, que de um lado explora o cidadão brasileiro e de outro entrega nossas riquezas para empresas estrangeiras e seus testas-de-ferro. A mídia, hoje, é a instituição com maior poder de produzir e reproduzir subjetividades. Ou seja, é ela quem vai determinar formas de sentir, agir, pensar e viver de cada pessoa e, por extensão, de toda a sociedade.

O dia em que os movimentos sociais organizados se derem conta disso, a primeira ocupação será nos centros de produção e reprodução de textos e imagens encarregados de sustentar o sistema. Uma vez ocupadas as redes de rádio e tevê (cujas principais representantes, a propósito, estão com as concessões vencidas), o povo será informado sobre as razões da falta de médico para o filho que sente dor, da falta de escola para quem precisa estudar, da falta de trabalho para quem quer produzir, da falta de terra para quem quer cultivar e etc. Uma vez que isto aconteça, a justa indignação não mais poderá ser contida.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

República Federativa Dantesca

A Polícia Federal está fazendo uma operação de busca e apreensão nos apartamentos do delegado federal que investigou o Daniel Dantas?

E a imprensa de aluguel aplaudindo?

Esse cara, definitivamente, é o dono do Brasil.

Dica: O artigo do Azenha, "Todo mundo é esperto. Só você, leitor, é idiota", de tão realista, chega a doer.

Hein?








Porque nem toda corrente de e-mail vem com orações.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Neocons em declínio (eu espero)

Os Estados Unidos elegem o primeiro presidente negro (e pop-star) da história. Mais do que o já muito comentado simbolismo da sua vitória, eu observo a conquista do Obama como um retrato da mudança de rumo político que o mundo, mas principalmente o continente americano, tem tomado nas últimas eleições presidenciais.

Longe de dogmas petrificados e estigmatizados, como o comunismo, o pensamento social-progressista tem enterrado o neoconservadorismo bushista, caracterizado pelo militarismo, pelo unilateralismo e pela arrogância. Cada vez mais é possível observar a tendência dos governantes (latino-americanos à frente) de buscar sempre o diálogo e a resolução pacífica de todo e qualquer desentendimento. O continente vê a ascenção de uma esquerda sim, mas de um tipo de esquerda que é possível de ser exercida no mundo contemporâneo, e ela em nada se assemelha à horrenda esquerda stalinista. Isso é o que deixa os conservadores em aflição. O discurso de que toda esquerda é maléfica, fascista e "comedora de criancinhas" se esfarela.

Há variantes nesse "vento progressista", e as diferenças entre o barulho do Chávez e o pragmatismo do Lula mostram isso. Mas esse mesmo "vento" colocou, entre outros, um índio na presidência da Bolívia, um bispo no Paraguai, e um ex-operário aqui no Brasil, cada um responsável por transformações sociais significantes, apesar dos erros, que não são poucos, mas muitos deles causados por um sistema político-social arcaico e estabelecido para os eternos privilégios de uma minoria.

É curioso observar veículos da imprensa, como a Globo e a Veja, meterem o pau em algumas manifestações da esquerda, acusando-as de atrasadas e nocivas, como se esse destempero não fosse ele também uma manifestação maniqueísta atrasada e empoeirada, que não tomou ciência da transformação da esquerda clássica. Dia desses, a Veja, com o intuito de polemizar, tachou o Paulo Freire de "símbolo esquerdista", desrespeitou a sua obra e acusou os professores que seguiam suas idéias de burros, por não se inspirarem em um Einstein. Como se não fosse possível se inspirar nos dois. Infantilidade e arrogância neocon em seu estado puro. Se há uma "esquerda", parte dela se modernizou, sem deixar de lado, contudo, a essência progressista. Levar em consideração primeiro o ser humano antes do capital e do lucro está além da ideologia. É uma obrigação ética para com nós mesmos.

Um dos grandes desafios do Obama, que não é um salvador da pátria, é não se contaminar pelos ratos que assolam a estrutura política dos Estados Unidos, conhecido por ser um dos mais envolvidos em negociatas no mundo. Não é por menos que o Iraque hoje é bombardeado pelo mesmo país que há cerca de uma década lhe vendeu armas militares. De toda forma, antes um Obama cuidando do maior arsenal atômico do planeta, do que um Bush (que vai sair pela porta dos fundos da História como um dos homens mais infames que já se viu, e de quem não esperamos mais merda nos dois meses que lhe restam).

As pessoas estão se cansando de tantos conflitos, inclusive os ideológicos. Se a vitória do Obama significa mais diálogo, mais respeito e mais valores humanos, não ganha só o país dele. Ganhamos todos nós.