quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Neocons em declínio (eu espero)

Os Estados Unidos elegem o primeiro presidente negro (e pop-star) da história. Mais do que o já muito comentado simbolismo da sua vitória, eu observo a conquista do Obama como um retrato da mudança de rumo político que o mundo, mas principalmente o continente americano, tem tomado nas últimas eleições presidenciais.

Longe de dogmas petrificados e estigmatizados, como o comunismo, o pensamento social-progressista tem enterrado o neoconservadorismo bushista, caracterizado pelo militarismo, pelo unilateralismo e pela arrogância. Cada vez mais é possível observar a tendência dos governantes (latino-americanos à frente) de buscar sempre o diálogo e a resolução pacífica de todo e qualquer desentendimento. O continente vê a ascenção de uma esquerda sim, mas de um tipo de esquerda que é possível de ser exercida no mundo contemporâneo, e ela em nada se assemelha à horrenda esquerda stalinista. Isso é o que deixa os conservadores em aflição. O discurso de que toda esquerda é maléfica, fascista e "comedora de criancinhas" se esfarela.

Há variantes nesse "vento progressista", e as diferenças entre o barulho do Chávez e o pragmatismo do Lula mostram isso. Mas esse mesmo "vento" colocou, entre outros, um índio na presidência da Bolívia, um bispo no Paraguai, e um ex-operário aqui no Brasil, cada um responsável por transformações sociais significantes, apesar dos erros, que não são poucos, mas muitos deles causados por um sistema político-social arcaico e estabelecido para os eternos privilégios de uma minoria.

É curioso observar veículos da imprensa, como a Globo e a Veja, meterem o pau em algumas manifestações da esquerda, acusando-as de atrasadas e nocivas, como se esse destempero não fosse ele também uma manifestação maniqueísta atrasada e empoeirada, que não tomou ciência da transformação da esquerda clássica. Dia desses, a Veja, com o intuito de polemizar, tachou o Paulo Freire de "símbolo esquerdista", desrespeitou a sua obra e acusou os professores que seguiam suas idéias de burros, por não se inspirarem em um Einstein. Como se não fosse possível se inspirar nos dois. Infantilidade e arrogância neocon em seu estado puro. Se há uma "esquerda", parte dela se modernizou, sem deixar de lado, contudo, a essência progressista. Levar em consideração primeiro o ser humano antes do capital e do lucro está além da ideologia. É uma obrigação ética para com nós mesmos.

Um dos grandes desafios do Obama, que não é um salvador da pátria, é não se contaminar pelos ratos que assolam a estrutura política dos Estados Unidos, conhecido por ser um dos mais envolvidos em negociatas no mundo. Não é por menos que o Iraque hoje é bombardeado pelo mesmo país que há cerca de uma década lhe vendeu armas militares. De toda forma, antes um Obama cuidando do maior arsenal atômico do planeta, do que um Bush (que vai sair pela porta dos fundos da História como um dos homens mais infames que já se viu, e de quem não esperamos mais merda nos dois meses que lhe restam).

As pessoas estão se cansando de tantos conflitos, inclusive os ideológicos. Se a vitória do Obama significa mais diálogo, mais respeito e mais valores humanos, não ganha só o país dele. Ganhamos todos nós.

Um comentário:

Anônimo disse...

Genial dispatch and this mail helped me alot in my college assignement. Thanks you as your information.