Controle

Aonde vai minha sombra?
Esse não é o caminho.
Não é o rumo traçado.
S., confuso, pediu: quero mais controle.

Exigência atendida.
Nada se alterou, porém.
Aonde vai minha sombra?
Preciso de mais controle!

O som de uma voz seca:
Estamos próximos do limite!
O que está acontecendo?
Chequem os sinais vitais!
Está tudo normal.
Tudo como deve ser.
S. não compreendia.
Pensou. Conluio? Pensou.

Mais uma vez, mais um pedido.
Mais um avanço da sombra.
Na direção contrária.
Na sua própria direção.

S. viu a sombra.
S. viu a escuridão.
Viu a sombra se aproximar perigosamente da escuridão.
De onde raramente elas retornam.

S. sentiu a visão turva.
Alcançou um pequeno espelho.
Em cada um dos olhos refletidos,
uma mesma mensagem.

Não temos controle.
Não temos controle.
S.

Ho-Ho-Ho

Antes que os sete milhões de leitores do blog passem a considerá-lo demasiadamente cético e reclamão, um pouco de açúcar.

Feliz Natal a todos. Que uma vida de amigos e mesa farta seja o único presente necessário.
S.

Brincadeira de criança... como é mesmo?

Mundo moderno: gerando adultos neuróticos, imbecis e traumatizados desde o dia em que os dinossauros disseram "Vamos embora daqui".

Cacilda, eu tinha que publicar essa foto do Dahmer.
S.

Copenhague capengante

Cúpula do clima (COP-15) termina sem acordo.

Ou seja, tudo o que a maior reunião diplomática sobre o meio ambiente conseguiu foi poluir ainda mais o ar com as viagens de avião, e transformar árvores em relatórios inúteis.

Surpresa seria se o resultado fosse diferente. É muito interesse escuso em jogo.

S.

Tapete vermelho-sangue

(clique para aumentar)

S.

Aspas

"As heresias que devemos temer são as que podem confundir-se com a ortodoxia."

(Jorge Luis Borges)

S.

Lexotan

Silvio Berlusconi é agredido em Milão.

Minha noite de sono será mais leve hoje.
S.

Profissão: vira-lata

A jequice da galera que integra o topo da pirâmide social às vezes me comove. A inclusão de expressões como fitness center, stress, chic, lounge, entre outras, em anúncios e textos concebidos na língua portuguesa pode ser considerada uma espécie de analfabetismo?
S.

Bálsamo II

Abençoada seja a criatividade mordaz e divina do Carlos Ruas.
S.

Consistência de espuma

Não faz muito tempo, conversava com um amigo cabeludo e de apelido exótico, sobre o fenômeno João do Morro, e toda a mitificação em torno do mesmo.

Soube que o produtor/empresário de João do Morro é um dos mais influentes da cena artística do Recife, com bom trânsito nas repartições públicas, nas produtoras culturais e nas redações jornalísticas. O que em boa parte explica a euforia em torno do músico, saudado pelo povo cult da cidade como se o João fosse uma espécie de Chico da periferia, com destaque até em sites que proclamam serem direcionados ao rock.


Fico a pensar em quantos Joões existem pela cidade, que penam por não terem um produtor com várias canetas amigas nas seções de cultura dos jornais. Afora uma ou outra letra espirituosa, não vejo vanguarda nenhuma. O que sobra é a evidência de uma genialidade de laboratório, artificial como as ilhas de Dubai. O irritante é a quase obrigação de ter que gostar, apenas porque alguns formadores de opinião (aliás, um conceito decadente) acham o cara a última bolacha do pacote. Não consigo aceitar essa coisa de mito fabricado. Lembrei dessa história ao ler um texto do Arnaldo Branco sobre a confusa definição do que é genial e do que não é, e como isso normalmente é uma determinação arbitrária.

Se é para curtir música escrota, sou mais o Coração Melão.
S.

Admirável mundo escravo

(Fonte: Capinaremos)

S.

Efeito colateral

A melhor reação à piada do Robin Williams veio do Kibe Loco.

O que só prova como o mundo está chato até a medula. Esse atual bombardeio do politicamente correto ainda vai destruir o planeta antes de 2012.

Tem muita gente confundindo seriedade com mau humor. Ou seria com burrice? Até porque a piada é muito boa. E o cara é um comediante. Queriam o quê? Uma missa em latim?
S.