sábado, 31 de outubro de 2009

Retrato

"Eu dirijo todos os dias."

Personagem de uma propaganda de automóvel, demonstrando seu orgulho por se encarcerar todos os dias em uma máquina de aço que o afasta de todo o resto do mundo. Um belo fotograma da sociedade e que diz muito sobre o que passamos a considerar sucesso.

S.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mundinho sem graça

Minha vida está bem longe de ser emocionante (e escrever esta sentença é uma prova irrefutável disso). Mas ao que parece tem gente respirando muito mais fumaça. Deve ser um saco se ver preso em um universo em que a negação das contradições e dos conflitos humanos seja uma tarefa permanente.

Curioso como muita gente insiste em caracterizar a democracia e o capitalismo como se uma coisa fosse intrínseca à outra. Restando ao socialismo e às suas doutrinas correlatas a pecha de símbolos ditatoriais. Ora, não vamos misturar feijão com batata. Reafirmar essa coisa de irmandade siamesa entre formas de governo e estruturas econômico-financeiras é apostar na ingenuidade do público. A democracia é um sistema de governo que pode ter sob o seu telhado tanto o Nelson Mandela como o Berlusconi.

Por trás desse pensamento está a nada ingênua intenção de desmobilizar a sociedade. Na tentativa de matar o questionamento e a inquietude, jogam para a plateia essa coisa de fim da História. É a destruição do contraditório como estratégia para que ninguém faça bulhufas. Além de tedioso, isso deve ser bem exaustivo. O Comunismo morreu? Que bom, Stálin era um grandioso pústula. O Neoliberalismo é um cadáver? Maravilha, já era tempo. O que não dá é ficar caindo na conversa de que não há mais progressistas e conservadores. Até porque isso só favorece quem está comendo caviar na Suíça, na crença de que a Bolsa de Valores tem primazia sobre o saneamento básico no Ibura.

A esquerda e a direita continuam vivas. Ainda que alguns fulanos, no intervalo entre um livro do Fukuyama e um CD do Jota Quest, digam o contrário. As mesmas canetas que costumam dar uma conotação ruim ao esquerdismo, adoram usar o vocábulo conservador como um eufemismo para direitista. Nessas horas lembro do Latuff, que falou (com muita propriedade) que a direita do Brasil é ainda mais medíocre pelo fato de ter medo de se autoproclamar como tal. É a tática do controle de danos. É a proposta Vamos-chutar-a-estátua-do-Che, mas vamos chamar nosso grupo de Democratas. Porque Direitistas queima o filme. E não rende voto.

Enquanto isso, rezam para o deus mercado, aquele que tudo corrige.
S.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fato

Poucas coisas são tão artificiais e mecânicas quanto os jornalistas da Globo na tentativa de serem naturais/informais.
S.

Gruta à vista

Um batalhão de ouvidos já havia percebido, e uma igual multidão de bocas já afirmou: a música degringolou bastante na última década. Parece óbvio, mas senti de fato o cheiro da obviedade quando percebi que os últimos álbuns e shows que me deixaram mais ansioso e satisfeito são de bandas da década de 90. Além das bandas completamente fora do circuito mídia-críticos sabichões-jabá.

Compreendo que não dá para julgar apenas pelas bandas que estão no Faustão ou na MTV, mas a realidade é que até mesmo os canais mais tradicionais e populares de escoamento cultural já viveram dias melhores. (Ora, o Ratos de Porão já foi em um programa do Gugu!). Hoje estão todos atolados em uma mediocridade inacreditável. Tenho enorme dificuldade em apontar uma banda ou estilo musical da década iniciada em 2001 que me agrade como as coisas mais dazantigas. Li um comentário engraçado de alguém dizendo que o programa Ídolos já segue para a quarta edição, mas ninguém sabe quem são os três vencedores das temporadas anteriores. Sinal dos tempos?

E isso não se resume à música. A televisão brasileira, que um dia já teve a TV Pirata e Os Trapalhões, hoje vive de Zorra Total e Turma do Didi. Só para ficar no humor. O que aconteceu conosco nesses vinte anos? Quem em sã consciência concebe um programa de televisão que exibe, durante a tarde inteira, um grupo de obscuras subcelebridades (sub do sub) correndo sobre uma piscina de gosma? E pior, crê que isso é o bastante para os espectadores. É como se vivêssemos um processo de involução, caminhando de volta às cavernas.

O próprio cinema dá a impressão de que vai perdendo seus mestres sem conseguir uma renovação à altura. Só o que se multiplica é o puxasaquismo de críticos, muitos com textos que não escondem a enrolação retórica e a incapacidade de compreensão de uma determinada obra.

Todos querem ser não só artistas, mas artistas milionários. Seja lá o que isso signifique. Mesmo que isso os obrigue a guardar a honestidade em uma gaveta suja do quarto. O importante é o glamour dos flashes e o tapete vermelho. Temo pensar onde isso nos levará.
S.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Torpor

Estupefato, descobri o nível de complexidade dramática das novelas. Testemunhei uma criança de três anos de idade antevendo (com absoluta exatidão) o desfecho de uma cena, que ocorreria no bloco seguinte. Plim-plim.
S.

domingo, 4 de outubro de 2009

E agora? (parte 2)

A Vanusa vai cantar o hino nacional na abertura da Copa ou das Olimpíadas? (Crédito do esperto questionamento para meu amigo Léo Castro).
S.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Fato

Ao contrário do que alguns pensam, a marginalidade não é exclusiva de uma classe social. Se dois gorilas podem agredir e ameaçar um jornalista dentro do seu local de trabalho, eu quero uma granada para chamar de minha.
S.