sexta-feira, 22 de abril de 2011

sábado, 16 de abril de 2011

De vidas que não me pertencem (ep. 01)

- Menina, deixa eu te contar uma novidade... pintei as unhas de vermelho!
(risos)
- Tá bem cheguei! (...) Foi...!
- Eu sempre gostei, meu namorado que não gosta muito...
- Gosto porque chama a atenção... tá bem sensual...!

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- Quando chegar em casa vou jogar perfume na minha boca!
- Por quê?
- Pra ver se tiro esse cheiro do cigarro.
- Compra pastilha, pô!

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- Tás fazendo o quê por aqui?
- Vim aqui no hospital, pra fazer uns exames. Só faz aqui.
- Ah, sim. Tás morando por aqui, é?
- É, aqui por trás dessa rua...
- E como tá o pessoal lá?
- Tão bem! Um dia desses a Ângela tava falando da tua esposa!
(risos)
- Eita, acho que vou pegar esse ônibus mesmo!
- Vai, lá, rapaz! Vai com Deus!
- Fica com Ele também!

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- Me dá só um desses, vai...!
- Não!
- Mas eu queria um...!
- E um murro na cara?
S.

Nanda

Pior do que perder para a fatalidade, é perder para a estupidez.

Fica em paz, Nanda.
S.

domingo, 10 de abril de 2011

Nazidiotice

Era só o que faltava.

Neonazistas brasileiros (!) vão às ruas defender os valores e a moral da família. Xingar e espancar as pessoas que eles julgam inferiores entra na lista desse código de nobreza? De quebra, ainda resolveram defender um deputado. Adivinha quem?

Atenção para a alvíssima coloração da pele dos indivíduos. (link)

S.

Realengo

A maior demonstração de respeito pelas famílias das vítimas da tragédia em Realengo é tão prosaica quanto fácil: simplesmente deveríamos deixá-las em paz. E nesse caso, a palavra "paz" se torna ainda mais simbólica. O comportamento da imprensa no caso foi (e tem sido) profundamente vergonhoso. Confesso que pouco sei do episódio, e pouco saberei, pois me nego a acompanhar a cobertura sanguessa de boa parte da mídia.

Impressionante o baixíssimo nível dos "profissionais" da Comunicação, vomitando milhões de suposições, espalhando boatos, alimentando o ódio e a intolerância, multiplicando a ignorância. De onde saem tantos "especialistas"? Tanta gente cheia de explicações para um desastre que absolutamente NINGUÉM poderia prever? A dura realidade é essa: apenas o Wellington (claramente uma pessoa com graves problemas psíquicos) sabia o que estava para acontecer. Nenhum doutor, com trezentos diplomas e quinhentos anos de carreira evitaria o inevitável. O que o país presenciou foi uma fatalidade.

Durante cerca de cinco minutos, ao parar em uma padaria nas proximidades de casa, assisti surpreso ao desfile de imagens tristes, com repórteres fazendo perguntas inconvenientes a familiares ainda chocados. Câmeras grudadas em rostos angustiados. Helicópteros sobrevoando a unidade escolar, filmando o vazio, apenas para que relembrássemos ininterruptamente do caos. Nenhum respeito à dor alheia. Para mim foi mais do que eu precisava ver. Atônito, ainda tive que ouvir a Fátima Bernardes, com aquela cara de mãe de família brejeira, reservar o epíteto de "assassino" para o autor dos tiros, como se a desqualificação fosse uma forma de trazer justiça.

Cabe à Comunicação Social trazer ao público informações objetivas. Não é papel dela insuflar os ânimos da sociedade, ainda mais em casos de grande repercussão e de forte carga emocional, como foi o caso do tiroteio na escola carioca. Contudo, cada emissora, cada revista, cada jornal decidiu escolher seu adjetivo favorito, para expor na capa. E aos nossos olhos, tudo aconteceu por causa de um "monstro", um "louco", ou um "assassino frio". A imprensa deve buscar o equilíbrio nos momentos em que o chão é sacudido, argumentos nos momentos em que a violência parece iminente, fatos concretos nos momentos em que os boatos tomam força.

Ainda que não tenho alcançado a paternidade, reconheço que é uma dor absurda perder um filho da forma como tudo aconteceu naquela escola. Por outro lado, não pretendo com esse texto isentar o Wellington da responsabilidade pelo que ocorreu (se é que ele tinha essa consciência). No entanto, se buscarmos a razão, ela nos dirá que todos, incluindo o autor dos disparos, foram vítimas de uma tragédia sem vilões.
S.