quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Em casa de enforcado...

Rá! Sensacional a pendenga entre a Globo e a Record. Sensacional porque uma tem razão quando esculhamba a outra, e a outra tem razão quando esculhamba a uma.

É verdade que a Record é parte de um império pseudo-religioso, comandado por pilantras autodenominados "bispos" (e põe aspas nisso), que se aproveitam da ingenuidade, do desespero e da ignorância de milhões de pessoas pelo mundo. Muitas tiram do próprio pão de casa a contribuição em nome da fé. Se esses """""""bispos""""""" não tiverem um lugar já garantido no fogo satânico, eu não saberia apontar o que faltaria para tal destino. Serem senadores, talvez.

É verdade que a Globo, no período de sua fundação, se utilizou de uma contribuição ilegal do grupo norte-americano Time-Life. Auxílio que rende até hoje, se considerarmos a distância de estrutura técnica que há entre a emissora carioca e as demais. O Roberto Marinho chegou a queimar documentos que comprovariam a fraude. Sem contar o apego à ditadura, o escândalo Proconsult, a edição do debate entre Collor e Lula, o filho do FHC com uma jornalista, e o eterno oficialismo - conhecido popularmente como babação-de-ovo - de qualquer governo vigente. Uns mais, outros menos, mas a aproximação sempre se fez presente. Uns dos presidentes mais próximos, por exemplo, foi o Sarney.

A questão é que essas coisas só vêm à tona em situações-limite, como é o caso das mais recentes acusações do Ministério Público de São Paulo contra o Edir Macedo. Há quanto tempo todos nós, que estamos de fora, sabemos dessas maracutaias? Ou as mansões do coronel da Universal são obras de um milagre? E a censura seletiva da Globo, que só publica os podres que lhe são convenientes, uma consequência do rabo-preso com alguns grupos políticos? O documentário mais clássico sobre os bastidores da Rede Globo, o "Muito Além do Cidadão Kane" é de 1993. Ou seja, há pelo menos 16 anos existe um grandiosa peça jornalística quicando na entrada da área e nenhum grande veículo de comunicação chutou. Já os donos da emissora, tão democratas quanto a China, decidiram censurar o vídeo, o que em tempos de internet não quer dizer muita coisa.

A Record até tem uma origem mais digna. Mas a atual mistura entre radicalismo religioso e comunicação é perigosa. A verdade é que as duas empresas são mais semelhantes do que percebemos através de uma vista rápida. A Record não teve pudores em copiar a programação globífera quase inteiramente. Só avançou um pouco na área jornalística, um pouco mais simpática ao equilíbrio e ao pluralismo de opiniões. No resto, o fedor é o mesmo.

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Vídeos: O ataque. E o contra-ataque.
Livro: A História Secreta da Rede Globo, de Daniel Herz.
S.

2 comentários:

Raphael disse...

É como eu digo, e parece que vou continuar a ter razão por mais alguns anos:

TV só presta pra ver filmes, fórmula-1 e jogar videogame. O resto, só a internet salva.

sérgio santos disse...

tv aberta não é mais uma opção, hoje é uma FALTA de opção!