sábado, 8 de agosto de 2009

O esperneio dos parlapatões

"Já há algum tempo, o Senado não encontra meios de um funcionamento regular. Está parecendo a Bolívia."
Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)

Prestemos bastante atenção às palavras do signore Gilmar Mendes. Não porque elas são racionais, mas porque elas expõem a essência de boa parte dos indivíduos que estão no topo das instituições do país.

Atualmente Gilmar preside um dos três pilares constitucionais do Brasil, o Poder Judiciário. É o chefe da mais alta instância da Justiça, o STF. É o quinto na linha sucessória do país. Não é exatamente um cara na multidão. O que o leva a desrespeitar uma nação vizinha, soberana e que tem um líder eleito democraticamente? Em que espécie de trono sagrado o doutor Gilmar se vê?

A comparação entre o Senado brasileiro e a Bolívia é uma ofensa - para a Bolívia, que fique bem claro. É típica de alguém completamente desconectado da realidade política da América do Sul. O Senado se transformou em um palco de atividades que concorre com os humoristas, os mágicos e os presidiários. As sucessivas crises no Parlamento são a face de um tipo de política que vai perdendo espaço, a política de balcão, da farinha pouca, meu pirão primeiro. A política da Democracia Sem Povo. Muito dessas instabilidades vem do desespero dos coronéis que sentem o chão ruir. Uma espécie de birra de criança, quando sente que vai perder o doce com o qual se lambuza.

O capo Gilmar é um fotograma desse filme decrépito, corroído, e que está em vias de derrocada. Não por vontade de um messias, mas por uma consequência natural do amadurecimento da democracia brasileira, ainda jovem, e que aos poucos vai expulsando da vida pública aqueles que preferem cheiro de cavalo ao de gente.

O homem público (mas de articulações privadas) Gilmar Mendes poderia ter relacionado o Senado ao município de DIAMANTINO, que sofre com o mesmo coronelismo, truculência e mediocridade que grassam no Congresso - salvo as honrosas exceções de sempre. A comparação faria muito mais sentido.

E o Joaquim sabe disso.
S.

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