sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sobre capangas e sabujos

O ouvinte/leitor/telespectador menos atento (e, em se tratando do cidadão comum, mais ocupado) talvez não tenha captado a real essência da reação do Joaquim Barbosa. E isso não é exatamente culpa dele. A culpa é das empresas que se dizem jornalísticas, mas que negam ao seu público fatos jornalísticos de suma importância.

O resultado é que, para algumas pessoas, a discussão entre os ministros do STF fica parecendo um caso isolado, um mero pegapacapá sem razão de ser, o que está longe da verdade. Se o tribunal não era o lugar mais adequado, isso é uma outra discussão. A postura do Joaquim tem nome: desabafo. Uma postura bem humana, diga-se. Nem todos têm sangue de barata para engolir calado as provocações, a truculência, o exibicionismo e aquele riso cínico do Gilmar, uma cobra criada do FHC. No meio da confusão, aparecem uns imbecis para confundir ainda mais, ao invocarem a ideia de que o Joaquim agiu de forma destemperada. Destemperado é o caralho!!

Entra em cena o velho jogo de confundir para não explicar. A tática de desviar dos assuntos realmente importantes.

Para que a menção do Barbosão aos capangas do Gilmar Mendes fique menos nublada, recomendo a irretocável reportagem do Leandro Fortes, da CartaCapital, publicada em novembro do ano passado. Em um dos trechos mais fortes, lê-se o seguinte:

"Ela e mais um grupo de estudantes foram para a frente do Fórum de Diamantino manifestar contra o abuso de poder econômico nas eleições municipais. A passeata prevista acabou por não ocorrer e Andréa, então, avisou a uma amiga, Silvana de Pino, de 23 anos, que iria tentar pegar uma carona para voltar para casa, por volta das 19 horas. Naquela noite, a estudante desapareceu e nunca mais foi vista. Três anos depois, em outubro de 2003, uma ossada foi encontrada por três trabalhadores rurais, enterrada às margens de uma avenida, a 5 quilômetros do centro da cidade. Era Andréa Wonsoski."

É no mínimo sintomático que o trabalho do jornalista (baseado em fatos concretos e não em suposições) não tenha sido abordado por nenhum grande veículo da mídia. É muita sabujice. O Azenha publicou um artigo que trata dessa cumplicidade tenebrosa entre fulanos como o Gilmar e a imprensa corporativa.
S.

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