Recife é a cidade cosmopolita mais provinciana em linha reta do mundo
Por André Raboni
Recife sempre foi considerada a "capital do Nordeste" – desde quando o nordeste foi inventado,
em meados do século 20. Antes disso, era considerada uma das cidades
portuárias mais importantes do Brasil – desde quando o Brasil foi
inventado, ao longo do século 19. No período colonial, a província de
Pernambuco era uma das principais forças econômicas da colônia
portuguesa e, claro, Recife era o principal centro da província.
Durante muito tempo, os filhos do Recife partiam para
conviver durante alguns anos com as altas culturas europeias e voltavam
para a província a esbanjar com mais vigor o seu nariz de senhorzinho de
província. Uma viagem à Europa era um investimento familiar que rendia
grandes dividendos no trato público: era a diplomação da
respeitabilidade social e a garantia de um bom nome na praça.
No entanto, os ~bons~ filhos das castas recifenses, se
iam a Paris com a ignorância pendurada no chapéu, regressavam de Paris
igualmente ignorantes mas com uma novidade na lapela: a arrogância.
Essa mistura exótica da ignorância com a arrogância foi o que nos deu este doce presente: nos tornamos a cidade cosmopolita mais provinciana em linha reta do mundo.
Há quem acredite com fervor que a verticalização da
cidade é sinônimo de progresso. Aliás, para muita gente o maior sonho de
consumo é morar num espigão de trocentos andares com azulejos de
banheiro.
Novo Recife e #OcupeEstelita
O Cais José Estelita é, talvez, a área mais nobre
do Recife. A afirmação pode ser absurda aos olhos da província, porque o
argumento (?) de quem defende o projeto Novo Recife é de que o lugar
está abandonado e abarrotado de construções velhas e inúteis, além de
cercada de pobres e pobreza. Com isso se forma a frase: "o que vier será bom", e acabou-se o debate.
Um consórcio entre a Moura Dubeux, Queiroz Galvão e
Ara Empreendimentos comprou o terreno da Rede Ferroviária Federal
(RFFSA), que você vê na foto abaixo:
Texto completo aqui.
S.
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