quarta-feira, 1 de julho de 2009

Mostre-me um senador com pose de moralista e eu te mostro um palhaço

Arthur Virgílio (PSDB-AM) é o líder da oposição no Senado. Mas ele não é só isso. O senador amazonense é o exemplo perfeito de uma figura política sem bandeiras, sem ideias, sem vergonha e sem caráter.

Por ser o líder da oposição, Virgílio é um daqueles parlamentares que sempre aparecem nos jornais vociferando algumas palavras incoerentes quando há uma crise ou escândalo político (ou seja, o tempo inteiro). Sua cara inchada é uma das mais frequentes no Jornal Nacional. Não por acaso, teve duas de suas frases indignadas publicadas na Veja dessa semana.

Virgílio é famoso por sua pose de ético e pela agressividade verbal contra os adversários. Na época da última eleição para governador, afirmou que ia dar uma surra no Lula. Alguns dizem que ele se referia à eleição, outras pessoas dizem que ele garantiu que a surra seria literal. O fato é que na preferência do eleitorado, Virgílio acabou com a espetacular marca de 3% dos votos. Teve que se contentar com seu mandato de senador, o último, acredita-se.

Esse bastião da moralidade não ia perder a chance de pular no picadeiro do Senado e cutucar o alvo do momento, o imortal (em todos os sentidos) José Sarney. Cobrança vai, cobrança vem, um chiste aqui, um muxoxo ali, são o bastante para Virgílio crer nele mesmo como uma pessoa séria. Mas o carma é um inconsequente sem-noção e vem para puxar o pé nos momentos mais indevidos:

Arthur Virgílio é acusado de receber ilegalmente US$ 10 mil de Agaciel Maia (o ex-diretor-geral do Senado, nomeado por Sarney, e pivô da lameira mais recente) para custear uma viagem pessoal à França.

Arthur Virgílio empregou o filho de um amigo em seu gabinete como funcionário fantasma.

E o que o arauto da ética tem a dizer?

"Cometo a idiotice de permitir que o filho de um grande amigo permaneça ligado ao meu gabinete por um tempo, uma imbecilidade, um gesto paternal equivocado. Agaciel queria que eu me calasse para ele continuar roubando o Senado. Vou pedir que o Conselho me investigue, não tenho nada a esconder.

Possuo vícios que julgava não possuir, erros propiciados pelo ambiente do Senado."

Gesto paternal? Ambiente do Senado?

E fica tudo por isso mesmo.

Com uma oposição circense dessas, o Lula não precisa de aliados. E os 80% de aprovação ficam parecendo pouco. A questão maior é que para o país, uma oposição ridícula e sem projeto não é saudável. O país fica refém de uma estrutura política sem debates, sem a discussão de propostas alternativas de poder. Enquanto a sociedade procura avançar, o Congresso está parado há meses, envolvido nas mais diversas denúncias de corrupção. E o debate enviesado sobre o terceiro mandato do Lula entra nesse vácuo. Poucos observam que essa sugestão é um reflexo da fraqueza da oposição, e não necessariamente uma proposta que busca implantar uma ditadura lulista no país.
S.

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