Pra quem acha que ser sustentável é somente usar a bolsa de tecido da Walmart, subscrever abaixo-assinado e votar na Marina Silva:
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Consumo e sustentabilidade
Vivemos
um mundo que se urbaniza de forma acelerada. Uma pessoa que mora em uma
cidade possui um padrão de consumo muito superior ao habitante de áreas
rurais. A própria construção destas cidades exigiu o consumo de
gigantescas quantidades de recursos naturais e financeiros, que
alteraram a precificação de todas as commodities em todo o mundo.
Em
2011 quando do lançamento do Ipad II, foram vendidos cerca de 1 milhão
de aparelhos apenas no primeiro final de semana. 60% dos compradores do
Ipad II eram proprietários do Ipad I. As diferenças entre o I e o II
podiam ser resumidas ao novo processador, ligeiramente mais eficiente
que o primeiro, e ao novo design da capa de proteção da tela.
Desde
o início do século XX os produtos industriais passaram a ter sua vida
útil diminuída através de um procedimento conhecido como obsolescência
programada. O documentário Catalão, Comprar Tirar Comprar, demonstrou
que uma impressora possuía um chip que estabelecia um limite de
impressões, que ao ser atingido travava o funcionamento da máquina. Na
assistência técnica foi sugerida a compra de uma nova impressora.
Também
em 2011 a revista National Geographic publica reportagem sobre a cidade
de Acra em Gana. Ali foram encontrados grandes carregamentos de lixo
eletrônico provenientes da Alemanha e da Inglaterra. Nas periferias da
capital Ganesa este lixo era queimado em fogueiras que produziam uma
grossa fumaça tóxica, cujo resultado final era a transformação de todo o
metal contido nos dejetos eletrônicos em sucata a ser vendida. A
maioria das pessoas que trabalha nestas fogueiras é composta por
crianças, que por sua vez são parte dos 870 milhões de subnutridos de
vagueiam pelo planeta segundo dados da ONU.
Todos
estes fatos se relacionam com o Consumo. Atualmente vivemos um
paradoxo, em que uma parte da população do planeta vive um cotidiano de
hiper consumo, enquanto outra parte não atingiu os índices mínimos de
subsistência. Simultaneamente começamos a nos perguntar a respeito dos
limites naturais de nosso planeta. A palavra sustentabilidade foi
definitivamente incorporada ao nosso vocabulário. Tenho dúvidas se foi
incorporada às nossas ações.
São
bastante controversos os estudos a respeito dos limites ambientais do
planeta. As reservas minerais possuem horizontes de exploração que
variam, de acordo com as diversas metodologias de pesquisa, entre 100 e
300 anos de exploração. De outro lado, a respeito das Mudanças no Clima,
as controvérsias são cada vez menores. Conversando com ribeirinhos do
Rio Juma, no Amazonas, aprendi que nos últimos dez anos não foi possível
prever o humor do clima da região. Chuvas e estiagens prolongadas,
friagens fora de época, podem ser um sintoma de que, de fato, o clima
muda no mundo.
Assim, podemos dizer que são justificadas as preocupações com a sustentabilidade.
Contudo
somente alcançaremos um equilíbrio entre as ações humanas e a natureza
rediscutindo nossos padrões de consumo. Não existe uma solução
definitiva a esta questão, mas precisamos refletir sobre nossas
alternativas, sem apelar a propostas de cunho nostálgico. Podemos pensar
em equipamentos eletrônicos com partes intercambiáveis, em especial
seus processadores, o que permitiria uma atualização tecnológica
adequada, e ao mesmo tempo um aumento da sua longevidade. Podemos
eliminar os processos de obsolescência programada, e optar pela
construção de objetos duráveis e adaptáveis. Viver em cidades, em
especial nas mais compactas e densas, com fartura de espaços e
transportes públicos, também seria uma atitude a ajudar na equalização
da relação do homem com a natureza.
É perfeitamente possível à humanidade buscar novos paradigmas de consumo. Vejo, contudo, dois grandes problemas:
- Alterar os padrões de consumo implica em gigantesco impacto no sistema econômico global.
- O desejo da maior parte da população de consumir novidades. Como ficar com produtos por mais tempo se precisamos do brilho reflexivo do novo.
Será
que estamos dispostos a mudar nossos hábitos em busca de equilíbrio
ambiental? Quais ações são efetivamente sustentáveis? Quem deseja ser
sustentável?
S.
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