segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sob a lei do ilógico

O Brasil é realmente um país diferente. Me pergunto em que outro lugar os bambas milionários têm tanto desprezo por tudo aquilo que represente o próprio país como os daqui. Não consigo pensar em um outro lugar em que exista algo semelhante. É o imortal complexo de vira-latas.

Esses bailarinos de papel são profundamente embaraçosos. Vestiriam uma sacola de lixo, caso ela viesse com a etiqueta de uma grife internacional. Bebem vinho em taças de espumante, e se consideram enófilos. Conhecem mais as ruas de Miami do que a esquina onde se encontra a padaria mais próxima.

Reafirmo, é bisonho como a elite econômica brasileira consegue ser ignorante, cafona, e ao contrário de outras, tristemente antipatriótica. Não acha graça nenhuma em ser reconhecida como brasileira. E repudia os que tem a brasilidade estampada na cara. O caso do Boris Casoy (não deu para não voltar ao assunto), que deve achar que o seu sobrenome é um salvo-conduto para ser troglodita, ilustra bem isso. Deve ficar muito claro que aquilo não foi uma gafe. Foi a contundente franqueza de um espírito sujo. Ele é aquilo mesmo que escapou em rede nacional. Ele é a representação de muitos outros. É como se os integrantes dessa congregação bem-nascida tivessem que viver aqui por obrigação. Forçados a se misturar à gentinha. Como se o país fosse um gigantesco campo de concentração. No entanto, não veem problema em usufruir de uma das maiores desigualdades sociais do planeta.

Um outro caso bastante particular vem das recentes propagandas institucionais do governo paulista. Em um dos vídeos, uma senhora considera a rodovia tão bem-cuidada que ela imagina estar na... Itália! Trocando em miúdos, significa que se algo está bom e organizado, isso só pode ser coisa de fora do país! É um conceito tão estapafúrdio que o diploma de publicidade do criador da campanha deveria ser rasgado e jogado no lixo. Mas... esperar o quê de um grupo político que pretendia mudar o nome da Petrobras para Petrobrax, simplesmente porque o primeiro soava brasileiro demais?

Outros exemplos estão em toda parte. É só observar as capas das revistas, com as infalíveis mulheres germânicas e magricelas e homens com cara de Jesus Cristo. As caras do Brasil? É melhor procurar dentro dos ônibus lotados.

O pior de tudo é que essa elite econômica é o grupo que está infiltrado em todas as esferas de poder. Estão na mídia (criando hábitos e gerando comodismo na população), no Judiciário (garantindo impunidade para os amigos do rei), e em toda a estrutura da indústria e do empresariado (que domestica os trabalhadores, constantemente aterrorizados pelo risco de perder o emprego). É uma Hidra, com múltiplas cabeças.

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Sobre as propagandas paulistas, recomendo um texto do Azenha.

Para ver o vídeo citado, pesquise por "segurança nas estradas itatiba" no YouTube. Como a propaganda está hospedada na conta oficial do governo paulista, prefiro não arriscar com um link direto.
S.

2 comentários:

rafael disse...

véio, começo a acreditar em um total desmoronamento na sociedade atual. E tudo por conta do ser humano. Da gente que fica mas podre a cada dia. É daqui pra pior.

Boris Casoy é um personagem do teu filme véio. Você já consegue determinar todo o carater de um personagem com a frase dele na situação que ele se encontra. Ele tem q estar naquela mesa.

aew

sérgio santos disse...

Sugestão anotada. hEheHE