quinta-feira, 12 de março de 2009

Fevereiro de grandes espetáculos

Finalmente, após várias tentativas de extinguir a minha paciência, o computador daqui de casa cedeu, e, aparentemente, voltou à normalidade. Os dois, computador e eu, passamos bem. Não sei quem esteve mais próximo de um colapso. No meio do calvário, peguei uma virose. O computador, pelo que se sabe, contraiu a bactéria da frescurite.

E porquê o chororô-ciber-internético? Porque a internet é atualmente meu principal meio de informação e de articulação. Aliás, o de muita gente hoje em dia. Nessas horas percebemos com maior clareza o pendor revolucionário da internet, que pode ser uma aliada poderosa se utilizada de maneira decente. Ficar praticamente um mês sem nenhum acesso, sem planejamento ou predisposição para tal não é agradável. Depender apenas do que me diz os telejornais e uma leitura "recreativa" de uma revista como a Veja é menos agradável ainda. Ainda mais em um mês como o que passou, que além do Carnaval, reservou outros acontecimentos circenses como o dinossáurico senhor feudal do Maranhão voltando a ser empossado em um cargo estratégico, até o Jarbas dando uma de paladino da moralidade.

Aliás, o que foi aquela entrevista? O PMDB é corrupto? É nada! O Sarney é um símbolo do atraso? É nada! O nobre (!) senador pernambucano destila uma série de obviedades e de repente é o novo Pedro Collor? Faça-me o favor! Nem para dar nome aos bois a entrevista serviu. Tudo bem que escrevo com bastante atraso sobre o assunto, mas creio que eu esteja fazendo isso justamente em razão do vazio das declarações. Se a entrevista fosse realmente bombástica eu provavelmente estaria falando das consequências do ato. O que ficou no ar foi a impressão de que o Jarbas virou um mero rapaz de recado da ala demo-serrista-fhcista, e que o momento das declarações foi calculado. Resultado: não demorou mais que dois dias para a blogosfera esvaziar as declarações do senador, que, convenhamos, de santo não tem nada. Dizem até que se as obras do Aeroporto e da BR-232 falassem ia chover sangue. Pra finalizar, como prova de quão democrata é o senador, credita-se a demissão de um jornalista do Jornal do Commercio com 22 anos de serviços prestados ao jornal, à insatisfação de Jarbas. O jornalista Inaldo Sampaio aparentemente não se alimentava do prato jarbista e foi mandando embora pelo próprio dono do jornal, amigão do senador.

E o Sarney? O que mais falar do Sarney? O que chama a atenção é o total desprezo dos senadores pelo país. O Sarney disse para quem quisesse ouvir que as propostas dele não eram de moralizar a casa, e sim de garantir a boquinha para todo mundo. O que os parlamentares fazem? Elegem o Sarney, é claro. O Sarney não é só um senhor feudal. É o simbolo de uma política que os brasileiros precisam se dedicar a destruir. É como uma infecção. Não dá apenas para olhar e dizer que é nocivo. É preciso dedicação para que ele seja defenestrado e não volte mais.

Já em março, pegando o embalo dos espetáculos de fevereiro, a Veja, provavelmente entediada, resolveu dedicar mais uma capa para fazer o poste mijar no cachorro. É uma bomba sem pólvora. É apenas um requentado criminoso, uma vez que publica informações sigilosas, para servir a uma CPI de chantagens que caminhava de modo deprimente para a cova. A comissão, inclusive, conseguiu o feito de não indiciar ninguém. A reportagem tem como finalidade servir ao bando de Dantas. Porém, a estratégia de bater no delegado e nos investigadores é tão estúpida que, como já se diz pela internet, estão fazendo do Protógenes um verdadeiro mártir, cada vez mais conhecido e apoiado.

O Gilmar Mendes continua gagá.

A Igreja, continua precisando se olhar no espelho. Na verdade, o problema da Igreja, como instituição, é que ela ainda existe. Não há problema na religiosidade, na espiritualidade. Pelo contrário, nesse mundo infernal, a fé no "algo-mais" é muitas vezes necessária. O problema é a instituição, criada pelos homens. Curioso e bastante simbólico o caso da excomunhão. A mãe e os médicos não merecem mais o céu, mas o estuprador tem o acesso ao paraíso garantido. Se isso não é o bastante para questionar os métodos da Igreja, eu não sei mais o que é. Aliás, quantas crianças são estupradas e esses "religiosos" não abrem a boca para falar nada? É o desejo de aparecer em rede nacional?

Para não ficar pra trás no mês, a Folha de São Paulo, mais precisamente o seu editor, o Otávio Frias Filho, resolveu chutar o pau da barraca e tirou a máscara. Em um editorial, chamou a ditadura brasileira de "ditabranda". Só faltou mandar fechar o Congresso e decretar um novo AI-5. Teve que engolir quase 2 mil cancelamentos de assinatura e uma manifestação com cerca de 400 pessoas do Movimento dos Sem-Mídia (MSM) e de familiares de desaparecidos políticos na frente do prédio do jornal.

Antes que eu me esqueça. Obrigado Cabo Mais, por nada. E parabéns por ter, provavelmente, o pior serviço técnico do país. Vou não-recomendar a todos.

É um post bem ranzinza e até meio vagaba, eu sei. Peço, portanto, aos queridíssimos cinco leitores do blog que considerem o fator válvula-de-escape depois do tempo sem publicar nada, e a casmurrice, que além do cinismo, também é um elemento bem-vindo nesse espaço. Afinal, para toda postagem como essa, há um filme da Disney para fazer o contraponto.
S.

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