segunda-feira, 16 de março de 2009

Coisas assim

Quando digo que prefiro a internet como meio de informação, é porque encontro análises como essa, essa e essa. E isso são só umas gotinhas. Enquanto isso a imprensa perde tempo investigando investigador. Sem provas.

Além dessas, recomendo esse artigo impagável do Urariano Mota. Uma bela peça jornalística que esvazia ainda mais o depoimento "bombástico" de Jarbas. Na entrevista o parlamentar disse o seguinte:

"Há um restaurante que eu frequento há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família."

A típica conversa mole de que o Bolsa Família estaria formando uma geração de preguiçosos. O típico argumento de uma oposição sem argumentos. Além de preconceituoso.

Dessa forma, o Urariano resolveu procurar o tal restaurante. Pauta investigativa para todos os jornalões do país, em especial os jornais locais, que provavelmente decidiram que o assunto é desimportante. Ou vai ver bateu preguiça. O resultado da busca é o artigo. O texto completo pode ser lido apenas na revista, mas o que está publicado dá uma boa ideia da saga do bravo jornalista.


Garçom, procura-se
por Urariano Mota, na Carta Capital

Brasília Teimosa é um bairro do Recife que sempre lembrou paradoxos. Nascida na Zona Sul da cidade, em terras valorizadas, foi construída por invasões de pescadores, sem teto e demais pessoas pobres. Tendo o nome de Brasília, adaptou a sua arquitetura pelo adjetivo, Teimosa, porque jamais seus casebres foram as linhas curvas de Niemeyer. Eram, antes, linhas de fuga, para que os moradores fugissem das prisões da polícia. Hoje, a Brasília Teimosa está urbanizada, tem a praia repleta de beleza e restaurantes. Antigos moradores que moravam em palafitas, a realizar o ciclo de Josué de Castro, caranguejo comido pelo homem vira fezes que alimentam caranguejo, estão agora em conjuntos habitacionais. Mas Brasilia Teimosa continua a ser mãe e pátria de paradoxais caranguejos.

O último deles foi a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos ao semanário onde o Brasil é uma pauta. Nela, na entrevista, na revista e pauta, foi mencionado um garçom que de posse de duas Bolsas Família desistira de trabalhar. Isso porque, é claro, estaria em melhor situação, como se estivesse a cantar em redes ao balanço, “pois vivo na malandragem, e vida melhor não há”. Com o breque: não sei o que será. Então por isso fui. Fui a campo, ao mangue, à praia, a Brasília Teimosa, ao vizinho bairro do Pina, à procura dos bares frequentados pelo senador nos “últimos 30 anos”.

Continua aqui.
S.

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