sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A dívida é com a população

Enquanto alguns políticos e veículos de imprensa conservadores (e hipócritas) criticam o o investimento feito pelo governo federal em programas como o Bolsa-Família, dados chocantes como estes não recebem a atenção merecida:

Números brasileiros
Em termos de dívida interna, segundo a Rede Jubileu Sul, era inexpressiva na década de 90, tendo crescido a partir do Plano Real, atingindo 62 bilhões de reais em 1995. Entre 1995 e 2007, foram pagos 651 bilhões de dólares só de juros; mesmo assim, a dívida multiplicou por 20, e em 2007 estava em 1,390 trilhão de dólares.

De acordo com o orçamento geral da União de 2007, 53% foram destinados ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Com previdência, gastou-se 18,5%; com educação, 1,74%; 2% com assistência social; e 3,5% com Saúde. Mas, para a mídia hegemônica e seus amestrados, o maior vilão é sempre a previdência, mas os gastos dos pagamentos de dívidas externas ou internas, sabe-se lá contraídas de que forma, tudo bem.

Ou seja, não há país ou povo que agüente tais números. Então, por que o governo brasileiro se nega a fazer uma auditoria das dívidas?

Daqui a menos de dois anos, ou seja, em outubro de 2010, está marcada uma nova eleição presidencial para a escolha do sucessor de Lula. Temas como da auditoria das nossas dívidas não entrarão em pauta, até porque a mídia hegemônica fará tudo para evitar que esta pauta não venha à tona.

Jornalões e canais de televisão vão ficar no varejo, como já acontece, apostando em José Serra, porque entendem ser o político paulista o maior garantidor de que tudo continuará como está, mesmo sem sol de brigadeiro.

Por favor, prestemos atenção às porcentagens:
Previdência: 18,5%;
Saúde: 3,5%
Assistência social: 2%;
Educação, 1,74%;
Pagamento de juros e amortizações da dívida pública: 53%;

Que futuro um país pode almejar com uma conta podre dessa??

Escolas e hospitais públicos caem aos pedaços. Enquanto um transforma nossas crianças em zumbis alienados, no outro não é possível encontrar um tratamento digno para uma simples infecção. Mesmo assim, mais da metade da riqueza da nação vai para uma dívida nebulosa, cuja estrutura, na prática, faz com que o seu pagamento integral seja impossível.

Nesse meio tempo, abandonamos a maior parte da população, espremida em guetos, sonhando com uma ascensão social que nunca chega, e sendo reprimida violentamente por forças policiais, que acaba sendo o único braço da lei que dá as caras. Ou seja, quando os governos aparecem, é pra meter porrada. A quem interessa essa selvageria? Se o trabalho da repressão oficial é encarcerar os mais pobres, "mantendo-os na linha", para que esses não invadam a "ilha da fantasia e da prosperidade" e incomodem os "incluídos", é porque há uma força de poder que legitima esse cenário.

Os dados foram tirados do artigo de Mário Augusto Jakobskind, intitulado "Presidente do Equador cumpre importante promessa de campanha". O texto aborda a auditoria feita pelo governo equatoriano, que descobriu que empréstimos feitos durante 30 anos pelo país trouxeram apenas prejuízos. O texto pode ser lido aqui. Recomendo a leitura, porque essa não vai sair no Jornal Nacional.

Isso é um tipo de informação tão revoltante, que dá vontade de colar na porta da geladeira, pra que ela grite todo dia: Ô PORRA, TEU PAÍS GASTA MAIS DA METADE DA RIQUEZA COM UMA DÍVIDA IMPAGÁVEL, ENQUANTO MATA FAMÍLIAS DE FOME!!

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