quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Campanha

Bom mesmo é começar a escrever já encampando uma polêmica. Eu já vinha pensando no assunto há alguns dias e depois da derrota ridícula da seleção brasileira masculina de futebol, fica claro que o problema do esporte brasileiro está mais na gestão do que nos próprios atletas.

Quem ou o que diabos permite que um Ricardo Teixeira esteja no comando da CBF desde 1989? Como se isso não fosse chocante, o cartola-mor foi reeleito (mais uma vez) até a Copa de 2014 no Brasil. Serão 25 anos na frente da institução. Vinte e cinco anos! O que mudou no futebol brasileiro nesse tempo? Os estádios estão melhores? O campeonato está mais organizado? Os clubes brasileiros têm condições de investir como os clubes europeus? Tenho uma forte impressão de que a única coisa que mudou foi a conta bancária do Ricardo Teixeira.

Se a CBF fosse um país (com uma providencial reserva de petróleo) é provável que o EUA resolvesse invadi-lo, usando como argumento para tal ato o eterno mandonismo do Ricardo Teixeira, que seria tachado de ditador.

Os dirigentes esportivos do país são um símbolo de um Brasil atrasado, podre até as entranhas. É sabido que muita grana estatal já escorre para as várias federações das várias modalidades, seja através de patrocínio direto (Banco do Brasil, Caixa) ou por meio da lei que repassa o dinheiro das loterias. Com o dinheiro (fácil) na mão, os dirigentes não se importam se o desempenho dos atletas vai resultar em medalhas e títulos. A competitividade passa a ser um mero detalhe.

E já que o período é olímpico, porque não falar de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro desde 1995? Nuzman é outro personagem envolto em névoas. Ná época do Pan correram notícias de que uma das empresas responsáveis pelas construções dos espaços desportivos era dele, ou que no mínimo ele era um sócio.

O que se sabe é que o Pan terminou custando aos cofres públicos DEZ vezes mais do que o previsto. Por certo, muito dinheiro foi jogado no ralo. Quanto às investigações sobre superfaturamento, desvio de verbas, nada. Ficou tudo submerso no ufanismo imbecil do Galvão e da Globo, que repetem a dose agora nos Jogos em Pequim.


É por essas e outras que eu lanço (a menos que alguém já a tenha lançado) a Campanha Diga Não aos Jogos Olímpicos no Brasil. Pra quê? Para encher o bolso dos lárapios que se tornaram verdadeiros donos das federações esportivas do país? Para ver o país passar vergonha perante ao mundo, com mais um desempenho medíocre, dessa vez em casa? Para assistir a reportagens tolas na TV exaltando uma força esportiva que não existe?

Eu digo NÃO! Aliás, pode colocar a Copa de 2014 nessa conta!


PS 1: Tenho que registrar que a minha única torcida é pras meninas do futebol, que realmente merecem o ouro. Aliás, elas esperam até hoje o apoio da CBF para um campeonato nacional, viu seu Ricardo??
PS 2: Para uma primeira postagem, isso ficou gigante.

Ilustração: Latuff

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