Quanto mais eu me acho estranho, mais as pessoas apresentam motivos para que eu as ache ainda mais estranhas.
S.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Grunhido
Antes que digam que eu tenho uma obsessão patológica pela Globo, afirmo que a observação seguinte se aplica tanto ao programa da rede dos Marinho, como ao da Record. Porém, a overdose bigbrotheriana na mídia me chamou a atenção para tal nota. Não sei se isso já foi apontado por alguém, mas perceberam que a milionária casa do BBB não possui uma biblioteca, e que isso diz muito sobre o programa e o que ele representa?
S.
S.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Fuga
A inocência perdeu o jogo,
debaixo da tarde úmida.
Olhos gastos,
sapatos sujos.
A inocência é terrena.
Pedaços de luz, tropeços alguns
A inocência é comum.
Nunca vai em inteireza.
Da pureza, restou o perfume
Fincou-se a dúvida.
Entreguem o nome da esquina.
Aquela que a inocência, agora
Ilumina.
S.
debaixo da tarde úmida.
Olhos gastos,
sapatos sujos.
A inocência é terrena.
Pedaços de luz, tropeços alguns
A inocência é comum.
Nunca vai em inteireza.
Da pureza, restou o perfume
Fincou-se a dúvida.
Entreguem o nome da esquina.
Aquela que a inocência, agora
Ilumina.
S.
A marcha bolchevique
Curioso observar o temor da imprensa com o programa de governo elaborado pelo PT para a candidatura da Dilma. Segundo os analistas, as diretrizes estão mais à esquerda do governo Lula, o que representa um risco ao país. É curioso porque algumas das diretrizes são tão comezinhas que, em vez de ameaças esquerdistas, deveriam ser consideradas apenas bom senso. Se coisas como taxar grandes fortunas, impedir o monopólio nas comunicações, defender o Plano Nacional de Direitos Humanos são manobras comunistas, então que venha La Revolución.
Nota: os jornalistas não são idiotas, e sabem que nenhum plano de governo é seguido à risca. O que existe é o simples e velho jogo de fazer futrica com bobagens. Devem achar que os leitores é que são idiotas.
S.
Nota: os jornalistas não são idiotas, e sabem que nenhum plano de governo é seguido à risca. O que existe é o simples e velho jogo de fazer futrica com bobagens. Devem achar que os leitores é que são idiotas.
S.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Manual do jornalismo contemporâneo: notas
De acordo com as normas do jornalismo brasileiro contemporâneo, a culpa pelas enchentes catastróficas nas grandes cidades pode ser creditada de duas formas:
Forma A: Se houver um político de direita no poder, a culpa pelas enchentes é do malvado do São Pedro e da pobraiada que joga lixo nas ruas. Ainda que um determinado ponto de alagamento seja coberto e esteja livre de entulhos.
Forma B: Se houver um político de esquerda no poder, a culpa pelas enchentes é toda do maldito vermelho anarco-bolchevique-sindicalista, que não sabe fazer nada, a não ser usar barba e camisa do Che.
S.
Forma A: Se houver um político de direita no poder, a culpa pelas enchentes é do malvado do São Pedro e da pobraiada que joga lixo nas ruas. Ainda que um determinado ponto de alagamento seja coberto e esteja livre de entulhos.
Forma B: Se houver um político de esquerda no poder, a culpa pelas enchentes é toda do maldito vermelho anarco-bolchevique-sindicalista, que não sabe fazer nada, a não ser usar barba e camisa do Che.
S.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Questões irrespondíveis x Respostas questionáveis
GA - Não suporto mais ver tanta gente morando e dormindo nas ruas da cidade.
RF - Isso incomoda muito a senhora?
GA - É claro, meu filho. Como você acha que eu me sinto ao pedir para o meu motorista ignorar os pedintes?
RF - O que a senhora acha que deve ser feito?
GA - Ora, o governo deveria levar essas pessoas para algum lugar. Tirá-las do meio da rua.
RF - E para onde levá-las?
GA - Isso não compete a mim, querido. O governo existe para isso.
RF - A maioria dessas pessoas vêm das regiões rurais, em busca de emprego e qualidade de vida.
GA - Então acho que o mais justo seria deslocá-las de volta para o campo e oferecer oportunidades por lá.
RF - Boa parte da terra que um dia pertenceu às famílias destas pessoas atualmente é controlada por grandes latifundiários. Muitos foram enganados e expulsos de forma truculenta e desumana. Alguns vivem sob constante ameaça. É provável que se essas pessoas tiverem terra para alimentar os estômagos e a vida, elas não irão perambular pelas cidades, onde sofrem com o preconceito e a violência policial.
GA - E o que você quer que eu faça?
RF - É verdade que a senhora é dona de um sítio com centenas de hectares, cuja documentação é contestada pela Justiça?
GA - Perdão, meu querido. Tenho um compromisso em breve. Preciso ir.
---
*GA - Grileira Abreu. Empresária do ramo agrário, socialite e candidata a deputada.
*RF - Repórter Ficcional. Profissional invisível, e inocente.
Qualquer semelhança com seres vivos é mera coincidência.
S.
RF - Isso incomoda muito a senhora?
GA - É claro, meu filho. Como você acha que eu me sinto ao pedir para o meu motorista ignorar os pedintes?
RF - O que a senhora acha que deve ser feito?
GA - Ora, o governo deveria levar essas pessoas para algum lugar. Tirá-las do meio da rua.
RF - E para onde levá-las?
GA - Isso não compete a mim, querido. O governo existe para isso.
RF - A maioria dessas pessoas vêm das regiões rurais, em busca de emprego e qualidade de vida.
GA - Então acho que o mais justo seria deslocá-las de volta para o campo e oferecer oportunidades por lá.
RF - Boa parte da terra que um dia pertenceu às famílias destas pessoas atualmente é controlada por grandes latifundiários. Muitos foram enganados e expulsos de forma truculenta e desumana. Alguns vivem sob constante ameaça. É provável que se essas pessoas tiverem terra para alimentar os estômagos e a vida, elas não irão perambular pelas cidades, onde sofrem com o preconceito e a violência policial.
GA - E o que você quer que eu faça?
RF - É verdade que a senhora é dona de um sítio com centenas de hectares, cuja documentação é contestada pela Justiça?
GA - Perdão, meu querido. Tenho um compromisso em breve. Preciso ir.
---
*GA - Grileira Abreu. Empresária do ramo agrário, socialite e candidata a deputada.
*RF - Repórter Ficcional. Profissional invisível, e inocente.
Qualquer semelhança com seres vivos é mera coincidência.
S.
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